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Model Context Protocol (MCP): organizando a memória e a ação de agentes de IA em ambientes complexos

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À medida que os agentes de inteligência artificial se tornam mais autônomos, colaborativos e contextuais, surgem novos desafios sobre como organizar memória, percepção e tomada de decisão em escala. O que antes era um fluxo de prompt–resposta, hoje demanda uma arquitetura capaz de sustentar múltiplos modelos, múltiplas tarefas e múltiplas interações — sem que tudo se perca no meio do caminho.


É nesse contexto que surge o Model Context Protocol (MCP): uma proposta emergente para estruturar a gestão de contexto, orquestração e interoperabilidade entre modelos e agentes, especialmente em ambientes com múltiplas instâncias de IA operando em paralelo.


Mais do que uma tecnologia específica, o MCP representa uma filosofia arquitetural: como organizar o raciocínio de sistemas cada vez mais distribuídos, dinâmicos e capazes de aprender — sem perder coerência, rastreabilidade ou segurança.




O que é o MCP, afinal?



O Model Context Protocol é uma especificação projetada para:


  • Gerenciar contexto compartilhado entre múltiplos agentes e modelos;

  • Permitir persistência, atualização e recuperação de memória de forma auditável;

  • Organizar interações complexas, permitindo que modelos especializados (por exemplo, um modelo de visão computacional, outro de linguagem e outro de regras) colaborem em uma mesma tarefa;

  • Padronizar a comunicação entre componentes de IA, como se fosse um “protocolo de rede” para raciocínio distribuído.



A analogia mais próxima seria um sistema operacional para um ecossistema de agentes — algo que oferece estrutura para que diferentes inteligências possam conversar, cooperar e evoluir juntas, com consistência.




Por que o MCP se tornou necessário agora?



Nos primeiros anos da IA generativa, o foco estava em modelos isolados respondendo a prompts únicos. Mas os casos de uso avançaram.


Hoje, vemos arquiteturas com:


  • Agentes especializados em diferentes tarefas;

  • Memórias de longo prazo que influenciam decisões futuras;

  • Atores autônomos que operam em ciclos, com planejamento e replanejamento;

  • Sistemas que integram IA com bases de dados, APIs e sensores físicos.



Nesse cenário, não basta que cada agente tenha sua própria memória local. É preciso ter uma estrutura de contexto compartilhado, versionado, seguro e interpretável.


O MCP surge como um protocolo para orquestrar essa complexidade, oferecendo uma forma semântica e técnica de garantir que diferentes peças do sistema “leiam e escrevam” o mesmo contexto de forma confiável.




Como funciona o MCP na prática?



Embora o padrão esteja em evolução, a arquitetura de um MCP típico inclui:



1. Context Store (Memória Estruturada)



Um repositório de contexto, com granularidade e escopo definidos. Isso pode incluir:


  • Objetivos da tarefa;

  • Resultados intermediários;

  • Preferências do usuário;

  • Histórico de decisões;

  • Restrições operacionais.




2. Access Policies



Mecanismos para definir quem pode ler, escrever ou modificar diferentes partes do contexto — essencial em ambientes com múltiplos agentes ou com diferentes níveis de confiança.



3. Versionamento e Rastreamento



Cada alteração no contexto gera uma nova versão. Isso permite auditar decisões, restaurar estados anteriores e identificar desvios.



4. Orquestração Dinâmica



Um agente orquestrador ou gerenciador de fluxo (às vezes também um LLM) que decide:


  • Qual agente deve atuar;

  • Quando um resultado é suficiente;

  • Quando uma tarefa deve ser interrompida, dividida ou reiniciada.





Quais são os benefícios práticos?



Eficiência escalável: Ao evitar repetições e consolidar conhecimento entre agentes, o MCP reduz latência e custo computacional.


Melhor coordenação: Fluxos complexos — como os encontrados em atendimento ao cliente, logística, supply chain ou operações financeiras — passam a ser gerenciáveis com menos intervenção humana.


Rastreabilidade e compliance: Em setores regulados, como saúde, governo e finanças, manter histórico de decisões e justificativas não é opcional — é mandatório.


Segurança contextual: Com políticas de acesso ao contexto, é possível proteger informações sensíveis mesmo em sistemas com IA aberta ou em camadas.




Paralelos com outras abordagens



Embora o MCP ainda esteja em maturação, paradigmas semelhantes vêm sendo explorados por arquiteturas como:


  • LangChain / LangGraph: que organizam fluxos de agentes com memória, mas focam mais em aplicações do que em padronização de protocolo;

  • Semantic Kernel (Microsoft): oferece uma base para coordenação de habilidades (skills) entre agentes, com algum suporte a memória e encadeamento;

  • AutoGPT e derivados: demonstraram o valor de ciclos de pensamento autônomo, mas sofrem sem estrutura de memória persistente;

  • Frameworks baseados em Vector DBs: que oferecem memória semântica, mas não necessariamente estrutura de contexto relacional ou versionamento.



O MCP, nesse sentido, pode ser visto como uma camada de abstração superior, focada em governança, interoperabilidade e raciocínio contínuo.




Aplicações práticas



1. Operações de campo (Field Services)

Agentes que coordenam equipes técnicas em campo, com base em SLA, peças disponíveis, histórico de incidentes e localização em tempo real.


2. Plataformas de atendimento inteligente

Vários agentes colaboram: um interpreta o pedido do cliente, outro verifica status no ERP, outro calcula viabilidade, outro redige a resposta. O MCP garante que todos compartilhem o mesmo “fato-base”.


3. Supply Chain Dinâmico

Diante de mudanças (clima, atrasos, disponibilidade), agentes reavaliam planos logísticos e fazem simulações de rotas — tudo baseado em um contexto comum.


4. Educação personalizada

IA que acompanha progresso do aluno, ajusta materiais, agenda aulas e fornece feedback — com memória contínua entre sessões, protegida por políticas e explicável aos educadores.




Desafios a serem enfrentados



  • Padronização ainda incipiente: Como o MCP é emergente, há pouca interoperabilidade entre implementações.

  • Custo computacional: Manter contexto compartilhado em sistemas de larga escala exige engenharia de performance.

  • Governança ética: Um sistema que armazena contexto pode ser poderoso — e também perigoso — se não for projetado com transparência e supervisão.





Conclusão



À medida que sistemas de IA se tornam mais distribuídos, contínuos e interdependentes, prover contexto consistente, auditável e seguro se torna tão importante quanto a própria capacidade de inferência.


O Model Context Protocol (MCP) é uma resposta a essa nova demanda: não apenas mais IA, mas IA que pensa em rede, com memória estruturada e decisões organizadas.


Se agentes são o novo modelo computacional, então o contexto é o novo sistema de arquivos.




Referências



  • McKinsey & Company (2023). The Economic Potential of Generative AI.

  • ThoughtWorks (2024). Digital Fluency and AI-Driven Architecture.

  • Microsoft (2023). Semantic Kernel: AI Orchestration Patterns.

  • LangChain Docs. Memory, Agents, and LangGraph.

  • OpenAI (2023). Function Calling and Agent Frameworks.

  • Carnegie Mellon. Multi-Agent Systems and Distributed Reasoning (2024).


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