Como a Descoberta de Produto minimiza riscos e acelera o sucesso de novos projetos
- Edson Pacheco
- 9 de mai.
- 3 min de leitura

Muitos projetos nascem promissores, bem-intencionados, tecnicamente robustos — e ainda assim fracassam. São produtos que funcionam, mas que ninguém deseja. Soluções que resolvem problemas que nunca foram realmente sentidos. Funcionalidades desenvolvidas com precisão, mas que nunca se tornam relevantes.
É difícil reconhecer essas armadilhas durante o entusiasmo inicial. A pressão para entregar rápido, mostrar progresso e validar orçamentos empurra equipes para a execução prematura — muitas vezes antes mesmo de se compreender o que realmente precisa ser resolvido.
É aí que a Descoberta de Produto (Product Discovery) mostra seu valor. Não como uma etapa formal ou checklist obrigatório, mas como uma forma de pensar: uma prática de investigação, validação e alinhamento, antes que a escrita de código comece.
O problema de começar pela solução
Na tentativa de ganhar velocidade, é comum que times iniciem projetos com escopos prontos, funcionalidades definidas e sprints agendados — sem que as hipóteses centrais tenham sido testadas. Isso cria produtos tecnicamente viáveis, mas estrategicamente frágeis.
Estudo da CB Insights (2021) mostrou que a principal causa de falha de startups (42%) é a ausência de demanda de mercado real — algo que poderia ter sido detectado com um processo de descoberta ativo e estruturado. E segundo a McKinsey (2022), empresas que adotam práticas de validação contínua conseguem reduzir em até 50% o tempo entre concepção e tração de seus produtos.
Evitar esse desperdício de tempo e esforço não exige um time maior. Exige perguntas melhores antes da construção.
Descobrir antes de construir: uma prática, não um ritual
O Discovery é, essencialmente, um processo de redução de incerteza. Envolve observar, escutar, prototipar, testar — e repetir. O valor não está em um documento final, mas no aprendizado gerado ao longo do caminho.
Algumas dinâmicas comuns incluem:
• Entrevistas com usuários para mapear comportamentos e dores reais;
• Prototipagem rápida de hipóteses de solução;
• Validação qualitativa e quantitativa;
• Mapeamento de objetivos de negócio e fluxos de valor.
Como resume Teresa Torres, referência em Continuous Discovery:
“Product discovery não é sobre descobrir o que construir, mas sobre descobrir o que resolver.”
A maturidade está em compreender que o que parece óbvio raramente é.
Redução de riscos e aceleração real
Ao contrário do que se imagina, o Discovery não atrasa — ele antecipa aprendizados que evitam atrasos futuros. Ajustar o rumo antes da construção é mais barato, rápido e menos traumático do que reescrever plataformas inteiras depois.
Entre os principais efeitos observados:
• Redução de retrabalho e escopo irrelevante;
• Decisões mais alinhadas com o valor percebido pelo usuário;
• Times mais engajados por entenderem o “porquê” por trás do “o quê”;
• Priorização mais clara entre esforço e impacto.
Na prática da VX Technology, temos observado que projetos com ciclos estruturados de descoberta tendem a gerar não apenas produtos tecnicamente completos, mas soluções que fazem sentido no mercado. Mais do que uma fase de projeto, trata-se de uma cultura de escuta, aprendizado e adaptação contínua — especialmente relevante em contextos de alto grau de incerteza.
Uma mudança de mentalidade
Tratar a Descoberta de Produto como uma etapa isolada é desperdiçar seu potencial. O verdadeiro valor surge quando ela se torna parte do ciclo contínuo de construção: descobrir, entregar, aprender, e voltar a descobrir.
Esse modelo exige:
• Menos foco em certezas iniciais, mais abertura para teste e aprendizado;
• Espaço institucional para a experimentação;
• Ferramentas e processos que promovam o diálogo entre produto, tecnologia e negócio.
Não se trata de desacelerar, mas de escolher com mais clareza a direção antes de acelerar.
Conclusão
Se projetos falham por não atenderem uma necessidade real, a descoberta é o antídoto. Se falham por desalinhamento interno, a descoberta é ponte. E se falham por escalar cedo demais, a descoberta é o freio necessário.

A Descoberta de Produto não garante o sucesso — mas aumenta significativamente as chances de que se esteja construindo algo que vale a pena.
E no atual cenário digital, isso já é uma vantagem competitiva poderosa.
Referências
• CB Insights (2021). Top 20 Reasons Startups Fail
• McKinsey & Company (2022). How to Make Product Development More Predictable
• Teresa Torres (2021). Continuous Discovery Habits
• Standish Group (2020). Chaos Report: Project Success Rates
• Marty Cagan (2021). Empowered: Ordinary People, Extraordinary Products
Comentários